segunda-feira, 30 de agosto de 2010

D. César Franco: "Em cada JMJ evapora-se o mito de que os jovens não querem saber de Cristo nem da sua Igreja"

O coordenador geral da Jornada Mundial da Juventude de Madrid destaca que a Espanha "contribuirá com o seu próprio ser, o de uma nação de rica e fecunda tradição católica que remonta às origens do cristianismo"

Madrid, 25 de Agosto de 2010.- D. César Franco, além de ser um dos três bispos auxiliares de Madrid, tem a responsabilidade de ser o coordenador geral da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). A um ano da celebração deste acontecimento destaca os principais aspectos da sua preparação e celebração.

Pergunta: Monsenhor, convença-me, porque deve um jovem assistir à JMJ?

Resposta: Há muitas razões para assistir: Eu diria a um jovem que com a sua presença a Igreja é mais jovem e é mais Igreja. Animava-o a assistir para que vivesse em plenitude o fato de ser católico, universal. Se é crente, convidava-o a partilhar a sua fé e a sua vida com os restantes; se é crente a meias, para sair mais fortalecido; se acredita pouco, porque estou convencido que Cristo passará junto dele, o olhará, o amará e aumentará a sua fé. E si não crê, para que abra a porta a Cristo, que não deixa de nos procurar.

P: Porquê uma reunião de jovens?

R: Os jovens são muito importantes para a Igreja. São o futuro em todos os sentidos da vida. Também são o futuro da Igreja. A Igreja crê nas possibilidades dos jovens, na sua capacidade de dar-se e de amar a Cristo quando o encontram. Estas Jornadas são, além disso, uma ocasião para que os jovens do mundo se encontrem, rezem, partilhem a sua fé e a celebrem alegremente. As Jornadas são uma manifestação da juventude da Igreja, uma festa da fé à volta de Cristo ressuscitado.

P: Que impacto pensa que vá ter na Igreja em Espanha?

R: Não sou profeta e não posso prever o impacto que terá na Igreja de Espanha. Mesmo assim, creio que a nossa Igreja sairá fortalecida e animada perante o testemunho dos jovens, que, apesar das dificuldades envolventes, seguem Cristo, confiam n'Ele e procuram ser-lhe fiéis. Em todos os lugares onde se celebrou a Jornada Mundial da Juventude, a Igreja recuperou confiança em si mesma, renasceram as vocações para o sacerdócio e a vida consagrada e se evaporou o mito de que os jovens não querem saber de Cristo nem da sua Igreja.

P: A JMJ costuma celebrar-se em diferentes países, porquê?

R: A Igreja é católica, universal. Não está circunscrita a um país, uma cultura, uma língua. Desde o Pentecostes manifestou-se aberta a todos os povos. Por isso é muito bonito que este tipo de encontros internacionais se realize em distintas dioceses, o que torna visível o que confessamos pela fé: que a Igreja está chamada a tornar-se presente em todos os povos para os convocar para a unidade do único Povo de Deus. Esta é uma das graças especiais que se recebem quando se assiste às Jornadas.

P: Que contributo dá cada país à JMJ? Qual será o da Espanha?

R: Cada país oferece a sua própria riqueza, a sua história, a sua tradição. A fé é una, indubitavelmente, mas cada povo oferece à fé os seus próprios acentos, a sua vivência própria. Em Espanha, por exemplo, a Semana Santa vive-se não só na liturgia das catedrais, paróquias e igrejas. Vive-se também na rua, com as procissões. Temos um encantador património artístico, os chamados passos, que queremos mostrar na grande Via Crucis à qual presidirá o Papa. Espanha é também um país de rica tradição eucarística e mariana. Na Vigília dos jovens, será mostrada a Eucaristia na custódia de Arfe, que a diocese de Toledo colocou à nossa disposição tão generosamente. São alguns exemplos que mostram que a Espanha contribuirá com o seu próprio ser, o de uma nação de rica e fecunda tradição católica que remonta às origens do cristianismo. Basta olhar para os santos patronos da JMJ para se dar conta do muito que a Espanha contribuiu e pode contribuir ainda.

P: A JMJ supõe um grande esforço preparatório tanto económico como em recursos humanos; não seria melhor usar esses esforços em outras tarefas como a construção de templos ou o apoio à pastoral vocacional ou proselitista da Igreja?

R: Na Igreja é preciso fazer de tudo. Em Madrid, concretamente, não se deixou de construir templos nestes últimos anos e continuaremos a fazê-lo sempre que seja necessário. Trabalhamos também na pastoral vocacional, na missão evangelizadora fora e dentro da nossa diocese. Fomentamos o trabalho nos meios de comunicação social. E o trabalho que realizamos com a Cáritas diocesana é imenso. E como Madrid, assim acontece em todas as outras dioceses. Mas estes encontros são necessários para a própria missão evangelizadora da Igreja e por isso fazem-se com a ajuda de todos. Disso está consciente o nosso povo e contribui com muita generosidade. Tudo o que a Igreja faz para desenvolver a sua missão é importante.

P: Além do impacto espiritual nos participantes, afeta também a sociedade do país onde se celebra a JMJ? Como desejaria que fosse esse impacto?

R: Eu diria que as Jornadas da Juventude deixam nos lugares onde se celebram 'o bom odor de Cristo'. É uma experiência habitual que as pessoas, mesmo as que não acreditam, ficam impressionadas com a alegria dos jovens, com o seu comportamento exemplar. Os receios iniciais, ao anunciar-se uma grande multidão de jovens, desaparecem logo e dão lugar a uma simpatia generalizada. Naturalmente são jovens com as suas virtudes e defeitos, mas vêm como peregrinos em busca do que dá sentido à vida do homem: Deus, Cristo, a vida eterna. E isso cria sempre impacto em quem pensa que esta vida é a definitiva. A peregrinação olha sempre para o que está mais além, não se detém nem sequer na meta física. Aponta à meta eterna, que é a casa do Pai. Este é o impacto que gostaria que os jovens deixassem em Madrid, o de uma juventude que caminha para Deus deixando à sua passagem o bom odor de Cristo.

Fonte: www.madrid11.com

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