sexta-feira, 5 de junho de 2009

Explicação da Jornada por João Paulo II

AO CARDEAL EDUARDO FRANCISCO PIRONIO
NA OCASIÃO DO SEMINÁRIO SOBRE AS JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE
ORGANIZADO EM CZESTOCHOWA


Sua Eminência,


1. Foi com grande alegria que eu soube que o Conselho Pontifício para os Leigos tinha organizado no Santuário de Jasna Góra, Czestochowa, um seminário sobre as Jornadas Mundiais da Juventude.

Eu estou muito grato com essa iniciativa e não poderia deixar de oferecer uma palavra de encorajamento aos participantes, e também expressando minha apreciação grata por tudo que tem sido feito pelos jovens do mundo.

Primeiramente, como podemos deixar de agradecer a Deus pelos numerosos frutos produzidos pelas Jornadas Mundiais da Juventude em muitos níveis diferentes? O primeiro encontro ocorrido na Praça de São Pedro no Domingo de Ramos de 1986, começou uma tradição de encontros mundiais e diocesanos em anos alternados, sublinhando o indispensável comprometimento apostólico dos jovens, na dupla missão, local e universal.

As Jornadas nasceram de fato, também como uma resposta a uma iniciativa dos próprios jovens, de um desejo de oferecer a eles um significativo “tempo de pausa” na peregrinação contínua da fé, que é nutrida também pelos encontros com jovens de outras nações e pela partilha de suas respectivas experiências.

O principal objetivo das Jornadas é fazer a pessoa de Jesus o centro da fé e da vida de cada jovem para que Ele possa ser seu ponto de referência constante e também a inspiração para cada iniciativa e compromisso para a educação das novas gerações. Esse é o slogan de cada Jornada da Juventude, e através desta década, as Jornadas têm sido como um chamado ininterrupto e enfático para construir a fé e a vida sobre a rocha, que é Cristo.

2. Por isso os jovens são chamados periodicamente a fazer uma peregrinação por entre as ruas do mundo. Nos jovens a Igreja vê a si mesma e a sua missão à humanidade: com eles ela enfrenta os desafios do futuro, ciente que toda humanidade precisa ser rejuvenescida no Espírito. Essa peregrinação dos membros jovens dos povos constrói pontes de fraternidade e esperança entre continentes, povos e culturas. É uma jornada que está sempre em ação, como a vida, como a juventude.

Com o passar dos anos, as Jornadas Mundiais da Juventude provaram a si mesmas de não ser ritos convencionais, mas eventos providenciais, ocasiões para os jovens professarem e proclamarem a fé em Cristo com alegria ainda maior. Vindo juntos, eles são capazes de discutir suas aspirações mais íntimas, experimentar a Igreja como comunhão, fazer o compromisso para a tarefa urgente da nova evangelização. E fazendo isso, eles juntam as mãos, formando um imenso círculo de amizade, unindo na fé no Senhor Ressuscitado todas as diferentes raças e nações, culturas e experiências.

3. A Jornada Mundial da Juventude é a Jornada da Igreja para os jovens e com os jovens. Essa idéia não é uma alternativa à pastoral ordinária da juventude, freqüentemente realizada com grande sacrifício e abnegação. Na verdade, ela pretende consolidar esse trabalho oferecendo novos estímulos ao compromisso, objetivos que gerem maior envolvimento e participação. Buscando aumentar o fervor no apostolado entre os jovens, de maneira alguma a Igreja quer isola-los do resto da comunidade, mas sim torna-los protagonistas de um apostolado que contagie outras idades e situações de vida no âmbito da “nova evangelização”.

Os diferentes momentos de que a Jornada da Juventude é composta, formam um tipo de catequese prolongada, uma proclamação do caminho de conversão a Cristo, começando com as experiências e questões mais profundas da vida diária dos destinatários. A Palavra de Deus é o ponto central, a reflexão catequética é o método, a oração é o nutriente, e a comunicação e o diálogo, o estilo.

Uma Jornada da Juventude oferece ao jovem uma experiência viva de fé e comunhão, que o ajudará a enfrentar as questões profundas da vida e a assumir com responsabilidade o seu lugar na sociedade e na comunidade eclesial.

4. Durante esses inesquecíveis Encontros da Juventude, eu tenho freqüentemente me emocionado pelo amor alegre e espontâneo dos jovens por Deus e pela Igreja. Eles contam histórias sobre o sofrimento pelo Evangelho, de obstáculos aparentemente intransponíveis superados com a ajuda de Deus: eles falam de sua angústia ante um mundo atormentado pelo desespero, o cinismo e o conflito. Cada novo Encontro me leva a um desejo cada vez maior de louvar a Deus por ter revelado aos pequenos os segredos do Seu Reino (Mt 11,25).

A experiência das Jornadas é um convite a todos nós, Bispos e agentes de pastoral, a uma constante reflexão sobre nosso ministério com os jovens e a responsabilidade que nós temos de apresentá-los toda a verdade sobre Cristo e sua Igreja.

Como podemos deixar de interpretar sua participação massiva, entusiasta e desejosa, como uma constante demanda em ser acompanhados na peregrinação da fé, na jornada que eles realizam em resposta à graça de Deus trabalhando em seus corações?

Eles nos pedem para levá-los a Cristo, o único que tem palavras de vida eterna (cf. Jo 6,68). Escutar os jovens e ensiná-los requer atenção, tempo e sabedoria. A pastoral da juventude é uma das prioridades da Igreja no limiar do terceiro milênio.

Com seu entusiasmo e sua energia exuberante, os jovens pedem para serem encorajados a serem “sujeitos ativos, protagonistas da evangelização e artífices da renovação social” (Christifideles laici). Desse modo os jovens, em quem a Igreja reconhece sua própria juventude como Esposa de Cristo (cf. Ef 5,22-33), não são somente evangelizados, eles também se tornam evangelizadores que levam o Evangelho a seus pares, mesmo àqueles que não conhecem a Igreja e que ainda não ouviram a Boa Nova.

5. Enquanto eu exorto todos os responsáveis pela pastoral da juventude a fazerem uso das Jornadas Mundiais da Juventude, com generosidade e criatividade ainda maior, em eventos que, inseridos no processo normal de educação na fé, talvez se tornem a manifestação privilegiada de toda atenção da Igreja pelas gerações jovens e sua confiança nelas, eu espero que o encontro em Czestochowa ajude e estimule a reflexão dos participantes para que eles possam descobrir meios novos e mais eficazes de propor a fé aos jovens.

Confiando o trabalho do Seminário à poderosa intercessão de Nossa Senhora de Jasna Gora, Mãe dos jovens, alegremente envio a ti, vossa eminência, a seus colaboradores, a todos participantes e a todos que eles representam e trazem em seus corações, minha especial Benção Apostólica.

Da Cidade do Vaticano, 8 de Maio de 1996

JOÃO PAULO II

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